this post was submitted on 27 Jun 2023
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Comunistas - A casa dos comunistas no Lemmy

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founded 1 year ago
 

Então, queria perguntar pra vocês o que acham dessa (não)"polêmica", é algo que eu vi em debate acho que a partir do ano passado que era alienígena para mim.

Tentando corroborar um pouco mais a tese de quem se reinvindica "radical", fui pesquisar no Google Scholar (sim, algo bem simples) qual a ocorrência dos dois termos, e vi que quem se intitulava "Radical" estava muito mais presente nos artigos publicados a partir de Portugal e o termo "Extrema" estava mais vinculado aos artigos vindos do Brasil.

Eu não sei de onde nasceu a crítica de que "somos esquerda radical, não extrema-esquerda", mas me parece algo bem novo e sem referencial bibliográfico. Os dois termos no fim significam a mesma coisa,.

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[–] prrg@lemmy.eco.br 5 points 1 year ago* (last edited 1 year ago)

Nunca ouvi essa crítica, mas assumo que surja da proeminência do termo "extrema direita". O termo "extrema esquerda" implica uma certa reflexão, onde os dois são lados da mesma moeda, que talvez seja o que causa esse certo receio. Até porque muitas vezes o termo é cooptado pela extrema direita.

Sobre a origem dos dois termos, falo isso puramente por especulação e sem nenhuma pesquisa, mas acho que é só mais um caso de Portugal importando cultura da França enquanto nós importamos cultura dos Estados Unidos, que acaba sendo a razão de uma quantidade esmagadora dessas diferenças de termos.

[–] AlbigensianGhoul@lemmygrad.ml 5 points 1 year ago (1 children)

Olhei no google trends e apareceu exatamento oposto durante o ultimo ano. "Radical" só deu brasil, mas "Extrema" tinha mais de portugal. Acho que além da diferença linguística tem que "extremo" geralmente é usado pra deixar implícito que aquela coisa é fora dos padrões da sociedade (e todos sabemos que os padrões da sociedade são maravilhosos), enquanto radical até já foi uma gíria positiva uns anos atrás. No fim, os dois significam "somos a esquerda que não é bem-vinda no governo". Se ao invés disso falasse socialista vs comunista vs anarquista, ia dar pra separar melhor quem é quem, só que pega mal pro jornal citar esses "extremistas radicais" por nome. Só você ver a distinção entre os rad/ex pros "normais" é que os "normais" são geralmente só neoliberais bonzinhos.

Mas de Judean People's Front pra Communist Party of India (Marxist-Leninist), parece que nada mudou na questão do nome. Acho que esse negoço de falar só "esquerda " é majoritariamente eufemismo pro interlocutor interpretar, e tentar fazer sectarianismo em cima disso nem é efetivo pro proprio sectarianismo. E fica ainda mais difícil no Brasil onde movimentos comunistas ainda tão se recuperando daquele evento na década de 60-70-80-90-00-10-20, e ainda não tem poder quase nenhum. Acho que a ideia da distinção seja de "Comunista de esquerda"/anarquísta/trotskista/social-democrata querendo se afastar dos ML, mas isso é só achismo meu mesmo.

O PSol por exemplo se diz "esquerda radical", e acho que no mínimo tem muito mais espaço pra radicalismo e radicalidade do que as propostas de lá.

[–] Sonho@lemmy.eco.br 3 points 1 year ago

Foi isso que eu percebi também, um aumento da utilização dos termos nesta forma no último ano mas sem corroboracao histórica/bibliográfica que sustente esse argumento

[–] CompadredeOgum@lemmy.eco.br 4 points 1 year ago (1 children)

Apesar de não falar em "extrema esquerda", Lenin apontava a existência de um campo mais à esquerda que ele, que chamava de "esquerdismo" (em inglês, "ultra leftism"). Considerando o sentido de "extremo", da pra dizer que qualquer um que defenda Lenin não se enxerga como extremo

Um detalhe interessante é que a linha mais forte na América Latina é o Trotskysmo, e o livro de Lenin sobre esquerdismo foi feito pensando em Trotsky (dizem)

[–] Sonho@lemmy.eco.br 3 points 1 year ago (1 children)

Ai que eu truco sabe. Dá uma pesuisada na literatura do que era publicada no Brasil, e você não vê essa distinção, e vê muito mais ocorrências de "extrema esquerda" que "esquerda radical"

[–] CompadredeOgum@lemmy.eco.br 4 points 1 year ago (1 children)

eu imagino que seja algo recente

eu achoq ue a diferenciação faz sentido. mas também é interessante pensar em porque isso surge com alguma força agora

[–] Sonho@lemmy.eco.br 3 points 1 year ago

Sim, tanto que pro Lenin nesse livro os "equerdistas"/"esquerdismo" seriam os trotskistas/anarquistas (pelo meno a crítica cai bem contra essas correntes), que pra nossa realidade nem faz sentido enquadrar assim.

Mas os ML podem aprofundar mais a questão e explicar melhor, eu não tenho apropriação nenhuma de Lenin.

[–] caboclo@lemmy.eco.br 4 points 1 year ago* (last edited 1 year ago) (1 children)

Sinceramente tudo nesse campo ainda é novidade pra mim, estou todo dia aprendendo com os demais camaradas (do presente e do passado).

Acho que o ponto levantado pelo @prrg@lemmy.eco.br válido. A semiótica (é isso mesmo que chama?) acaba pesando nisso.

O que eu gostaria de propor é a concluir a razão de nos chamarmos esquerda radical ou esquerda extrema.

As explicações que tive de outros camaradas mais antigos é que radical vem de raiz, então nós marxistas e os anarquistas são de esquerda radical porque estão interessados em atacar o problema em sua raiz, que é o capitalismo.

Já extrema esquerda ao meu ver indica apenas a ponta de um espectro. Poderia ser equivalente à ultra esquerda.

Olhando no meu pai (pai dos burros haha) os significados "crus" de cada palabra são:

Extremo: 1. situado na extremidade
2. que está no último ponto, no mais alto grau
3. derradeiro
4. remoto
5. longínquo
6. excessivo
7. oposto
8. fim

Radical: 1. relativo a raiz
2. relativo à essência de algo
3. (Linguística) relativo à raiz de uma palavra
4. (Matemática) relativo à extração da raiz de um número absoluto, que vai até o fim
5. (Política) que preconiza o radicalismo; radicalista

Eu não consegui achar o que seria esse movimento politico chamado radicalismo.

Mais um significado figurado de radical é drástico que também vai em linha com a explicação que eu tinha recebido, logo, nossa luta é por uma mudança drástica, que culmina com a absolução total do capitalismo.

[–] caboclo@lemmy.eco.br 4 points 1 year ago* (last edited 1 year ago) (1 children)

Acabei divagando e não respondi a pergunta do @Sonho@lemmy.eco.br .
Acho uma besteira polemizar por isso. Eu por mim abraçava qualquer termo que me diferencie da direita.

O importante é a nossa luta. Pouco importa se me chamam de radical, extremista, terrorista, comunista, farmacista...
Posso estar errado nisso também haha. Mas to sempre aberto a aprender.

[–] Sonho@lemmy.eco.br 3 points 1 year ago

To por ai também, acho que as palavras são importantes e elas tem significado simbólico e literal, mas nesse caso eu acho uma falsa-polêmica

[–] burnermanx@lemmy.eco.br 4 points 1 year ago

Quem estiver com o skate é o radical.

[–] dirlididi@lemmy.eco.br 4 points 1 year ago (1 children)

Eu acho que é uma discussão bem importante na semiótica e na teoria do movimento.

Mas se for levar isso para o povão ou cidadão comum, não faz sentido. Se quer me chamar de extrema esquerda ou radical, fica a vontade desde que entenda o que isso representa.

Quem é de direita ou ignorante da causa vai tratar os dois da mesma forma, então não adianta disputar preciosismo semântico com essa galera.

Gosto da ideia de ser esquerda radical pq me incomoda bastante a ideia de que existe um espectro. Não existe. Não existe graduações. A social democracia não é "centro esquerda". É só uma direita que distribui menos porcamente seus recursos localmente mas se mantém fiel ao colonialismo e exploração do trabalhador de fora.

[–] Sonho@lemmy.eco.br 2 points 1 year ago

Acho que o que você propõe é relevante, revisitar as palavras e ressignificar elas, ainda mais a partir da crítica de que não existe "eixo" de direita/esquerda.

Meu problema é mais que quando me deparei ocm esse discurso era um tom jocoso em relação a quem se identifica como "extrema esquerda", sendo que é um debate bem contemporâneo. Pessoal faz de tudo pra se sentir superior, é incrível.

[–] ThorCroix@lemmy.eco.br 3 points 1 year ago* (last edited 1 year ago) (1 children)

Eu resumiria em dizendo que o extremo é raso, no sentido de exagerado de forma superficial. Já o radical é profundo. Não é exagerado, a não ser para quem nao entende a profundidade (não tem consciência), mas sim consciente.

O mal é sempre extremo, mas nunca radical, não tem profundidade, nem é demoníaco. Ele pode devastar o mundo inteiro precisamente porque continua a crescer como um cogumelo na superfície. Mas somente o bem é profundo e radical.

Hannah Arendt

[–] Sonho@lemmy.eco.br 1 points 1 year ago (1 children)

Citar Arendt pra isso é problemático, e caracterizar algo como "mal" é pobre e raso. E o argumento faz parece que não existe direita radical

[–] ThorCroix@lemmy.eco.br 2 points 1 year ago* (last edited 1 year ago)

Aí tem que entender o conceito da maldade dela. O que já leva para uma outra discussão completamente.

Mas em resumo, é não enxergar, ou não reconhecer, a responsabilidade que o indivíduo tem em seus atos perante as demais pessoas, por acreditar que ser um bom cidadão é ser disciplinado a não corromper autoridades, do qual, supostamente, o cuidado das pessoas são delegados.

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