Esse programa pra mim abre duas vertentes de discussão interessantes:
-
O quanto a esquerda política tradicional ainda está parada numa visão industrialista desenvolvimentista de "progresso", a ponto de despejar um valor altíssimo em um programa que na prática só deu no máximo desconto de 12% nos carros privados (que mesmo assim ainda estão completamente fora de alcance pra maioria das pessoas), enquanto
-
Gerações mais novas preferem discutir uma visão futura de trânsito e cidades com mobilidade diferente, não só pelas mudanças climáticas no horizonte mas porque cidades com excesso de carro são horríveis de navegar e viver. E esse 1,5 bilhão de subsídios poderia muito bem ter sido utilizado em diretamente aliviar alguns problemas de transportes públicos em cidades maiores.
Não sei quanto a cidade de vocês, mas onde moro (interior de MG) a cidade é um caos. Tem carro demais, moto demais, trânsito ruim o tempo inteiro, perigoso para todo mundo de pedestre a motorista e que piorou ainda mais após a pandemia (que é outra lata de minhocas).
Qual a visão de vocês sobre esses pontos?
Concordo contigo, mas acho que está fora do escopo de Ministérios e da União agir sobre transporte urbano, que é matéria de competência municipal para legislar, se me lembro bem. Penso que realmente poderíamos nos inspirar em experiências no exterior que deram certo em termos de tirar o foco da mobilidade urbana do automóvel individual, que é o modelo estadunidense, para um planejamento mais a longo prazo de cidades.
Não sei, não tenho muito a acrescentar. Como disse, concordo contigo, mas o sistema republicano que temos estimula planos de médio e curto prazo para fins de reeleição do que planos para mais de dez ou vinte anos no futuro. Fica difícil colocar em pauta questões difíceis como planejamento urbano quando o paradigma atual é totalmente voltado a uma infraestrutura praticamente centenária, agora.