this post was submitted on 27 Jun 2023
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Bate-Papo

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Uma comunidade para discussões gerais que não se encaixam nas previstas em outras.

founded 1 year ago
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Alou, braslemmers! Acabei de pegar um trampo muito bom e me mudar para uma cidadezinha no interior (8000hab), então aproveitei esse desconto do governo pra ~~comprar~~ financiar meu primeiro carro, depois de anos de biketivismo, car-shaming e anarquismo cosmopolita metropolitano.

Queria muito um carro elétrico, mas minha nova cidade é tradicionalmente um lugar com enchentes que bloqueiam as muitas estradas de terra, então achei que poderia ser ingênuo e tolo pagar R$140000+ por um Kwid que amassa feito uma latinha de refrigerante e cuja bateria entraria em curto-circuito na primeira enchente.

Aí passei a me convencer, provavelmente falsamente, de que abastecer meu novo carro movido a combustão com etanol seria uma alternativa menos horrível ao materializar meus privilégios energéticos sobre a biosfera. Será mesmo? Alguém aqui tem carro e abastece com etanol? Sei que financeiramente não vale a pena, mas parece tão mais razoável abastecer com algo que está em um sistema cíclico em vez de uma mineração undirecional. Ainda assim, essas monoculturas parecem esgotar o solo e ter impactos ambientais horrendos. Será que precisa ser assim?

Vamos trocar uma ideia sobre o impacto ambiental dos nossos meios de transporte!

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[–] rubem@lemmy.eco.br 10 points 1 year ago* (last edited 1 year ago) (4 children)

No meu estado etanol vale a pena, etanol tá uns R$ 4, gasolina é quase 50% mais cara (Preços do lugar mais caro da cidade, que tem preços redondos e fáceis de calcular) mas rende só uns 20-25% a mais em km por litro.

Por isso mesmo comprando carros e moto originalmente a gasolina, uso etanol neles.

No meu caso o etanol vem de usinas entre 500 e 700km de distância, enquanto gasolina vem de refinarias em litoral a 2500km de distância (De refinarias que usam blends com petróleo Árabe leve que vem do outro lado do planeta).

Uma solução de menos consumo de combustível, e portanto pegada ecológica por km percorrido, é moto a etanol, no meu caso dá uns 13 centavos por km, minha moto no ano consome o etanol de apenas uns 300m² de cana plantada, área menor que o quintal de casa ocupa na cidade...

[–] maramox@lemmy.eco.br 4 points 1 year ago (1 children)

Como funciona esse processo de conversão de motor de moto para etanol? Dá pra fazer tanto em moto carburada quanto injeção eletrônica?

[–] rubem@lemmy.eco.br 3 points 1 year ago

Em moto carburada é só aumentar o buraco dos giclês, ainda precisa afogador pra dar a partida, mas em manhã fria dá umas 2 ou 3 pedaladas sem força pra enxercar a agua, e então pedala com mais força (Não muita força, partida normal), aí pega, é só esperar esquentar uns 5-20s, depende do frio, aqui no máximo tem uns 18°C então 5-8s esquentando já dá, é o tempo de abrir portão, botar jaqueta, capacete, mochila e etc.

Tem gicle pra etanol a venda, digo, se vende gicle com furo variado, quanto maior o furo mais combustível sai, aqui uma noção de preço: https://produto.mercadolivre.com.br/MLB-2638308960-kit-gicle-baixa-e-alta-cg150-sport-_JM Pega o maior, seria 42 e 155 nesse caso, eles tem 0,42mm e 1,55mm nesse caso. Em moto 125 uso gicles se não ne engano 40 e 130, porque eram as brocas que eu tinha pra furar. Com gasolina faz 35km por litro (Com gicles originais), com etanol cai pra 30km.litro, mas a velocidade cai, gasolina vai a 90km/h, etanol vai a 80km/h, não é o fim do mundo, em cidade é rápido igual o resto (E minha moto tem mais de 20 anos).

Nos sistemas injetados, há um medidor de temperatura do ar, quando tá mais frio o motor precisa injetar mais combustível pro motor rodar normal, motos e carros são feitos até pra rodar em Ushuaia a -20°C, o jeito de um motor funcionar nesse frio todo é injetanto praticamente 40% a mais de combustível.

Então pra etanol funcionar em carros e motos injetados colocamos um potenciometro, aqueles botões tipo de volume giratório de rádio, em série com o sensor. O sensor é resistivo, vai de digamos 0 ohms até 5000 ohms, colocamos um potenciometro de 5000 ohms em série, e quando aumentando a resistência (Girando o botão) a central entende como se o ar entrando no motor estivesse bem gelado, aí ela aumenta a quantidade de combustível injetado. Em dias quentes na posição normal dá a partida, mas com motor frio gira o botão pra simular frio, dá a partida e anda, depois de 1 minuto pode voltar o botão pro normal. O ajude é feito escutando o motor na lenta, você gira ele até o motor estabilizar, não parecer morrer, a gente coloca o botão no painel mesmo, seja carro ou moto, dá pra escutar bem fácil, eu giro ele lá de vez em quando, tá numa posição que deve equivaler a uns 4-5°C, dou partida e ando assim, quando tá quente volto um pouco, mas quando vou desligar aumento de novo pra posição de frio, o botão tem graduação, é fácil ver em que nível está, em 2d você se acostuma em que posições deixar. Em moto no máximo em estrada as vezes precisa girar pra mais frio quando tem muito vento frio, nada que perca tempo, enquanto tá andando você ouve o ronco e nota que tá mais devagar ou rápido demais, aí você ajusta pra um lado ou outro.

Alias, em moto carburada é bom puxar uma espia e um cabo de aço do afogador até o painel, porque precisa afogar em toda partida fria, eu desafogo depois de andar uns 200m, em manhãs muito frias uns 500m, nada de mais, é um trocador de marcha de bicicleta no guidão, leva 0,1s pra soltar o afogador, ele é macio, não é adaptação difícil. Em carro com carburador precisa isso, eles tem afogador no painel por isso.

[–] caboclo@lemmy.eco.br 3 points 1 year ago (2 children)

minha moto no ano consome o etanol de apenas uns 300m² de cana plantada

Como você faz esse calculo?

[–] rubem@lemmy.eco.br 4 points 1 year ago (1 children)

Na minha região a produção de etanol tá na casa dos 7 mil litros por hectare (Dá pra chegar a 8 em condições perfeitas mas também cai pra 6500 numas áreas), que tem 10 mil m². Os meus 300m² vem a ser então 1/33 da área, e 1/33 de 7 mil litros dá 212 litros, um pouco mais dos meus 200 litros consumidos no ano (Nos últimos anos tô machucado aí uso menos ainda, gastei 200l somando carro e moto na verdade, mas trabalhando normal gastaria os 200l só na moto, por usar pra ir e voltar todo dia por lugares onde ônibus e cia nem sonham em passar).

[–] caboclo@lemmy.eco.br 1 points 1 year ago (1 children)

Você usa moto tipo cross?

[–] rubem@lemmy.eco.br 3 points 1 year ago (1 children)

Uso a CG 125 na cidade e pra ir a trabalho na roça, ela anda onde qualquer hillux anda, em lavoura, pasto, areia. Mas nem na cidade existe qualquer outro transporte, cidade pequena não tem essas coisas, as maiores empresas não ficam no meio do centro urbano (No centro só tem banco e farmácia), ficam em distritos industriais a 4-10km de distância (Por asfalto), precisa rodar muito mesmo que não vá pra fazenda nenhuma.

[–] caboclo@lemmy.eco.br 1 points 1 year ago

Titanzinha guerreira! Usei muito pra trabalhar já.

[–] Sonho@lemmy.eco.br 2 points 1 year ago

Sabendo que a produção de 1HA é de 6 a 8 mil litros de etanol, se ele sabe que gasta ~200 litros por ano de etanol, isso vai equivaler a ~300m2

[–] Riccardo@lemmy.eco.br 3 points 1 year ago

Que alegria saber que o @rubem veio para o Lemmy. Sempre com ótimas informações.

[–] NOFHC@lemmy.eco.br 2 points 1 year ago

Na minha região já não vale, o etanol é 80% do valor da gasolina. A região ser fria também atrapalha muito a partida pela manhã, mesmo com o tanque de partida a frio cheio.

[–] caboclo@lemmy.eco.br 4 points 1 year ago

Eu acredito que gás natural e etanol são menos nocivos, mais vem de senso comum... nunca estudei o assunto.

[–] fuckyou_m8@lemmy.fmhy.ml 3 points 1 year ago* (last edited 1 year ago)

Pra quem ainda não sabe, utilizar o etanol em si não causa emissão de gás carbônico, isso por que todo o CO2 emitido pelo escapamento foi adquirido pela planta ao crescer, por isso é um sistema renovável, o que emite CO2 é todo o processo de industrialização desse etanol, como por exemplo o maquinário Agricola a produção do álcool a partir da planta, o transporte até os postos. Por isso mesmo utilizando um veiculo elétrico abastecido por uma hidro-elétrica, ainda assim há emissão de CO2 no processo, claro que isso varia de caso a caso e no último exemplo presumo que seja uma emissão muito menor que no primeiro.

Penso que o maior problema do etanol realmente é o próprio processo de plantação em monocultura e isso não é algo que aparentemente tenha solução. Imagine se o mundo todo usasse o etanol, qual seria a quantidade de solo arável/floresta que seria perdido para a plantação da cana? mas claro que a fabricação das baterias de carros elétricos também é muito problemática em questão ambiental.

Pra mim a primeira solução é transporte público+micro mobilidade, mas isso óbvio é muito mais fácil de ser implementado em grandes cidades(fora da América anglo-saxônica por que ali não tem mais jeito).

Agora sobre carros, PENSO que talvez a melhor solução seja veículos híbridos(eletrico+biocombustivel) com abastecimento em casa/trabalho. Por que não faz muito sentido colocar uma bateria imensa num carro sendo que geralmente rodamos poucos quilômetros, com isso estamos consumindo uma quantidade grande de litio para ter parado sem uso. Um carro com uma bateria para 30/50 km numa carga seria uma fração de um tesla por exemplo e nas raras ocasiões que fosse necessário mais autonomia utilizaríamos o biocombustível

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