Acho complicado que os anarquistas se excluam voluntariamente do processo eletivo, que é um processo democrático (ainda que problemático), porque não é um modelo de participação direta plena. Esse é o caso de "o ótimo não pode ser o inimigo do bom". Enquanto a esquerda tá brincando de azedinha com o sistema imperfeito, a (extrema) direita está aproveitando a oportunidade para sequestrar o sistema por inteiro e afastá-lo ainda mais dos preceitos que os anarquistas buscam.
O sistema político se expressa pelo direito, e ambos são incrementais. A ação tem que ser no cotidiano, na sociedade, mas se isolar do sistema político e legal é no mínimo contraproducente... os evangélicos estão aí em plena ação direta no cotidiano e sociedade, USANDO o estado para fazê-lo, e veja aí qual é a tática que está dando certo. O objetivo de eliminar eleições é maravilhoso, mas a recusa em participar do sistema eletivo não colabora para o alcance desse objetivo (ou seja: um bom objetivo, mas como meio de alcançar este objetivo, parece ineficiente).
Um exemplo de como os anarquistas deveriam promover essa ocupação dos espaços públicos é o [codigo de defesa dos usuários de serviços publicos ]https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13460.htm) que prevê o conselho de usuários em seus artigos 18-22. Parece uma coisa pouca, mas nenhum órgão está regulamentando e implementando, porque permite a influencia direta da população nas diretrizes do estado.